quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Preconceito

Após um show bem legal com várias bandas alternativas de grindcore um cara chega em casa, acende a luz da cozinha e antes que terminasse de pegar a água na geladeira houve a irritante voz da mamãezinha:
-Onde você estava até essa hora noite?
-No show com os amigos, mãe, eu te disse que ia pro show, não foi?
-Sim, mas você sabe que eu não gosto de ver você andando com esses seus amigos, eles tem tatuagens, se vestem de maneira estranha, usam piercings e um deles é deficiente físico, horrorosos.
-Mãe, são pessoas de bem, apena fomos ao show, rolou um bate-cabeça muito foda, bebemos um pouco e voltamos de busão.
-Mas não é só isso, meu filho, a essa hora esses pretos maconheiros estão nas ruas, além desses mendigos e marginais de todo o tipo, sabe aquele pretinho da esquina? Eu não gosto dele.
-Mãe, – diz o filho com um olhar de desprezo e suspirando bem fundo antes de continuar – ele trabalha e estuda, nem se quer bebe.
-Mas eu não confio nele, você sabe que eu tenho medo de acontecer alguma coisa ruim com você.
-Já aconteceu, – começou a dizer o filho enquanto subia as escadas – ter sido parido por você.
Após isso o único som ouvido em toda a casa foram os dos lentos passos na escada, as luzes apagaram-se e todos foram ter mais uma tranqüila noite de sono.

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