segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cenário Comum

Amanhecia mais um belo dia de céu azul cintilante, o sol nascente já brilhava com raios brancos, embora alguns ainda um pouco avermelhados e ouro levemente dourados como ouro claro. Nas árvores gotas de orvalho banhavam o solo fértil e sempre úmido daquela região, dessa vez mais ainda por causa da chuva do dia anterior.
Em meio a mata fechada ainda ouviam-se alguns sons de pássaros, embora distantes dali e quase silenciando. Para não dizer que a paisagem não tina muitas cores além das do raio do sol um belo arco-íris tinha se formado no horizonte, e estava tão nítido quanto aquelas pinturas expressionistas sobre as quais aprendemos na escola desde cedo.
Por esses aspectos podia-se dizer que era uma bela paisagem, mas haviam ainda outros pontos a serem analisados.
Uma névoa cinzenta com forte cheiro de pólvora misturado com outros cheiros mais desagradáveis e um forte cheiro de ferro ainda cobria toda a mata fechada. Mais abaixo dali uma enorme mancha vermelha escura e muito brilhante escorria pelo relevo pouco acidentado que se destacava diante da densa floresta que se complicava mais ao sul.
Fora os sons dos pássaros o que se ouvia eram os passos firmes sobre os galhos secos remanescentes do outono anterior. Pois o trabalho dos soldados ainda vivos era carregar os corpos mutilados dos companheiros de guerra, alguns estavam tão desfigurados que o levantamento dos nomes dos soldados mortos foi feito de acordo com os vivos, outros estavam tinham sido tão fuzilados que a carne se dilacerara e deixara vísceras e miolos espalhados por toda parte.
Os bravos guerreiros que mal sabiam pelo que lutavam foram enterrados numa enorme vala e logo após, uma missa foi rezada em memória desses homens desafortunados.

10 comentários:

  1. "quem é o inimigo, quem é você?"

    Lembrei da música Soldados, da Legião Urbana. Ela fala muito sobre este inimigo que não se conhece, o sacrífio humano a esmo. Mas, como de praxe, o bicho homem não aprende a lição, mesmo estampada a olhos vistos.

    Beijos

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  2. Vc deveria sem duvida escrever um livro, sua maneira de contar histórias é ótima!
    Alem das mensagens claro, fico me perguntando sempre o porque das guerras...por dinheiro? por poder? por ideologia/religião?
    Mesmo que a resposta seja uma dessas nada justificaria...

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  3. Mais um grande crítica.

    Os caras se sacrificam pensando que estão lutando por patriotismo, e morrem por nada.

    Eu disse o porque em papodoitn.blogspot.com: dar lucro as banqueiros...

    Abraços

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  4. Gostei bastante, você nos apresenta aos poucos uma paisagem que revela ser algo diferente do que imaginávamos no inicio do texto...
    Abraço
    Rafael

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  5. Muito bom mesmoo!!!
    Adoro esse seu novo jeito de escrever!!
    consigo imaginar perfeitamente as cenas...
    e as críticas sempre muito bem colocadas!!!
    *-*

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  6. ~Gostei...É sempre bom mudar como se expressar!Tá melhorando!

    beijo

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  7. Tá virando profissa, hein Eltinhoo?

    Tenho que me cuidar, senão logo, logo, fico no chinelo!!
    hsuahsuahsuhas

    beiijos

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  8. Uma entre tantas evoluções invertidas: Guerra.

    Infelizmente, tenho que concordar com o título... Mesmo no século XXI, é um cenário comum... E há quem ache isso necessário.

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  9. Quem disse que eles preferem um belo por do sol ao cheiro de pólvora numa fumaça cinza e brilhante?

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