quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sede


Gargantas secas têm construído os nossos edifícios já faz algum tempo. A esperança está no risco, no trabalho, no suor que pinga a mais de 30 metros de altura todos os dias.
Enquanto lá em baixo passam os carros, a parte que fica mais próxima do sol está calma, só ouvimos o vento sob as marteladas, a constância de tudo isso gera uma grande obra, definitivamente uma bela obra. Nada que não seja construído por quem nunca pode desfrutar do luxo dessas lindas obras.
De repente um baque. Uma multidão é capaz de se formar rapidamente quando em lugares assim acontecem acidentes. Oh, agora não poderá mais trabalhar em prol dos grandes edifícios onde se instalam os escritórios das enormes multinacionais. Afinal, quem consegue trabalhar como pedreiro sem uma perna?
Mais pessoas virão, todas vem do norte, terra com nomes que sempre aludem a belas paisagens, mas estas são sempre as mesmas. Ao horizonte vêem-se arbustos secos e poucas nuvens para cobrir o sol, este que mesmo à tarde queima as costas dos homens de pouca esperança.

3 comentários:

  1. O Texto é muito bonito..
    E é feito com palavras bastante sinceras..mas o melhor de tudo..é que ele foi escrito em homenagem a uma pessoa muito querida..que é a nossa amiga!

    Adoro o seu jeito solidário de ser..

    beijinhos

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  2. O texto ficou ótimo, a critica tambem...dificil isso, as pessoas sonham, tem esperança e quando chegam aqui veem que ou é igual ou é pior...

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  3. "Mais pessoas virão, todas vem do norte, terra com nomes que sempre aludem a belas paisagens, mas estas são sempre as mesmas."

    Se é que eu tenha entendido :p, sua crítica é grandiosa e está muito bem retratada no livro Vidas Secas de Graciliano Ramos, apesar desse mostrar apenas o lado do sofrimento de lá e depois de partirem cria-se a expectativa do sofrimento de cá =/

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